O objetivo do projeto é compreender uma forma comportamental presente em várias esferas sociais na atualidade e que chamo de moralismo ostentatório, com ênfase no fenômeno da violentização, isto é, o estabelecimento da lógica moral de uma situação por meio da adoção de um regime específico de qualificação da mobilização da força desproporcional pelos atores sociais. Esse tipo de gesto moral consiste em uma forma de operacionalização da crítica de maneira acusatorial, isto é, baseada na simplificação da complexidade moral do mundo em favor de uma moralidade única (opção que chamo de moralista, por oposição a uma abordagem moral das situações, que contemplaria um mundo de múltiplas moralidades e o accountability social). Nessa postura, o outro, culpabilizado pelo ocorrido, é apontado como causa específica de um mal e, no caso do moralismo ostentatório, isso é feito por meio de uma intensa performance da posição de impossibilidade de negociação – com elementos de agressividade e redução do outro à inumanidade. A análise se fundamenta em uma sociologia da moral de inclinação compreensiva e pragmatista que tem marcado meu trabalho e de meus parceiros de pesquisa. Como resultado, espera-se ser capaz de fazer uma genealogia desse fenômeno, bem como compor um quadro dos principais elementos operativos dessa simplificação moral e dessa violentização.
Integrantes: Alexandre Vieira Werneck (coordenador), Jussara Freire, Vittorio da Gama Talone, Diogo Correa, Cesar Pinheiro Teixeira, Palloma Valle Menezes.