Autor: Alexandre Werneck

O objetivo deste artigo é analisar o papel desempenhado pela matriz formal de uma crítica jocosa para sua efetivação em situações de crítica públicas, com ênfase no processo de ridicularização do objeto da crítica e da mobilização da “graça” como competência de efetivação. Para tanto, são observados cartazes levados aos protestos ocorridos ao longo de 2013-2014, no Brasil, que recorreram à jocosidade. A análise, com base em uma abordagem pragmática da crítica, e que consistiu na observação, padronização e tipificação de forma e conteúdo de cerca de 350 cartazes considerados jocosos, permitiu acessar o discurso crítico em momentos nos quais ele se afasta do imperativo de racionalidade do processo de justificação, em uma mecânica na qual o criticado tem sua grandeza atacada por meio de sua redução ao ridículo. São, assim, tipificados cinco regimes de ridicularização usados nas manifestações e cujas competências são formas da graça, quando mobilizadas para ridicularizar: 1) analogias
valorativas; 2) niilismo; 3) manifestismo; 4) pautismo; e 5) ataque ao poder. A partir deles, foi possível ainda observar uma competência de observação crítica jocosa do mundo fundada na graça.

Palavras-chave: Crítica. Ridicularização. Protestos. Jornadas de Junho. Pragmatismo.

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