Autor: Ailton Gualande Junior

Esta dissertação tem o objetivo de analisar as qualificações de usuários em relação aos problemas do transporte coletivo carioca. Trata-se de delinear, de um lado, as formas pelas quais a crítica é elaborada por esses atores e se manifesta no mundo, e de outro, os processos práticos instaurados pelo discurso crítico na dinâmica de publicização da questão. Busco, em continuidade, investigar a fragilidade do processo de formação de públicos associativos em torno desse fenômeno de mobilidade urbana. Procuro articular o processo de formulação de críticas com a construção de um problema público urbano. Para tanto, fundamento-me na análise de críticas de usuários veiculadas na seção de um jornal local dedicada a recebê-las e as divulgar e, eventualmente, em matérias – que contenham discursos críticos – sobre o transporte coletivo realizado por ônibus convencionais e do serviço de corredores expressos BRT. Essa estratégia principal é apoiada pelo conteúdo de um relatório de reclamações elaborado pela ouvidoria da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) da cidade do Rio de Janeiro. Os resultados da pesquisa demonstram que o estabelecimento de um processo de extrema repetição, banalização e generalização de reclamações e contestações ao transporte esvazia a força da crítica. Do mesmo modo, os públicos envolvidos na questão formam-se de maneira dispersa e não associativa, constituindo um específico desenho de problema público e de ação nas arenas públicas. Em suma, no contexto analisado o discurso crítico apresenta-se, ele próprio, como possibilidade de “arenização” do fenômeno problemático.

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