Autor: Alexandre Werneck

O objetivo deste artigo é analisar o papel desempenhado pela jocosidade em situações de crítica, que poderiam resultar em conflitos, mas que, por meio de dispositivos morais baseados no humor, mantêm a paz, sem prejuízo da própria crítica. O trabalho, baseado na observação etnográfica em ruas de um bairro periférico e do centro do Rio de Janeiro, enfatiza dois dispositivos: por um lado, a “zoação”, na qual a crítica é apresentada como se não fosse séria ou relevante, mas proporcionando ainda assim a colocação de algo em questão; e, de outro, a “marra”, na qual se recusa de forma competitiva a posição moral superior produzida pela crítica, atacando-se jocosamente o crítico com outra crítica, iniciando-se assim uma disputa. Em ambos os casos, a coordenação entre a forma-crítica ea forma-piada permitirão uma dupla mecânica de efetivação, sustentando um slack crítico, segundo o qual a percepção de negatividades morais permanece circulante, mas sem debates formais sobre princípios e ruptura da rotina.

Palavras-chave: jocosidade; crítica; efetivação; sociabilidade; moral

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